VOCÊ SABE O QUE É ENSAIO DE COMPATIBILIDADE CUTÂNEA ?

compatibilidade cutânea

COMPATIBILIDADE CUTÂNEA

A segurança dos produtos cosméticos, que usamos no dia a dia, deve ser garantida a partir da seleção das matérias primas que vão ser utilizadas no seu desenvolvimento. Atualmente são utilizadas quase 15 mil matérias primas com mais de 30 mil diferentes denominações comerciais na produção de produtos cosméticos.

O regulamento próprio de cada mercado lista os ingredientes permitidos, as concentrações máximas e a função do ingrediente no produto cosmético. Para que os órgãos reguladores de cada país aprovem os produtos cosméticos, os fabricantes têm que comprovar que estes são seguros.

 

ACIDENTE COM USO DE COSMÉTICOS

 

O primeiro registro de acidente grave com uso de produtos cosméticos ocorreu na França na década de 1950, com o uso de um talco infantil contendo o anti-séptico hexaclorofeno. Neste talco, por erro na fabricação do produto em determinado lote, a concentração do hexacloreno estava dez vezes superior ao valor normal, o que resultou na morte de dezenas de crianças que usaram aquele determinado talco.

Depois deste episódio, muita coisa mudou na produção de produtos cosméticos.  No Brasil a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o uso de hexaclorofeno em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.

Durante as últimas décadas, muitos outros ingredientes foram eliminados da lista de produtos seguros para uso em cosméticos em todo o mundo.

Nos últimos anos, a indústria cosmética e farmacêutica tem crescido consideravelmente, assim como o seu interesse no desenvolvimento de produtos eficazes e seguros. A criação do Código de Defesa do Consumidor, as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde e a própria concorrência levaram a indústria a tomar uma atitude mais cautelosa no que diz respeito à ação e aos benefícios dos seus produtos, procurando associar suas afirmações a trabalhos científicos.

A conscientização da indústria e as exigências do consumidor resultaram na adoção de um novo procedimento por parte dos fabricantes de cosméticos.

Atualmente, para garantir produtos seguros, as empresas indústrias de cosméticos, realizam, antes da comercialização de seus produtos, testes clínicos de segurança e eficácia. Isto oferece à empresa uma maior segurança, credibilidade e confiança junto aos consumidores.

A avaliação da segurança deve preceder a colocação do produto cosmético no mercado.

 

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AVALIAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS COSMÉTICOS

 

No Brasil, o desenvolvimento de produtos cosméticos obriga, conforme as leis do Ministério da Saúde (MS) através da ANVISA, os fabricantes à realização de testes clínicos de segurança em humanos antes da comercialização de seus produtos.

Os efeitos secundários relacionados ao emprego de cosméticos e produtos para cuidados pessoais são raros se considerarmos o grande número de pessoas que entram em contato com as mais variadas substâncias utilizadas nestes produtos.

Além das reações adversas, com o uso desses produtos, não serem frequentes, quando ocorrem, na maioria das vezes se deve ao uso de maneira inadequada ou a um acidente. Mesmo assim, uma preocupação crescente da indústria de cosméticos é evitar possíveis reações adversas nos usuários de seus produtos.

Considera-se reação adversa qualquer sinal ou sintoma desencadeado por um produto tópico usado de maneira correta. Entre as reações adversas cutâneas provocadas por estes produtos, destacam-se a dermatite eczematosa de contato, erupções foliculares e acneiformes, miliária e alterações pigmentares. Sabe-se que reações adversas leves, relacionadas a cosméticos, podem ocorrer em mais de 10% da população adulta.

A dermatite de contato é o efeito colateral mais comum induzido por cosméticos. Manifesta-se por eritemas (vermelhidão) que causam ardor e prurido (coceira) à pele, podendo apresentar microvesículas e descamação. Pode ser estabelecida através de quatro mecanismos fundamentais:

  1. irritante primário,
  2. irritante acumulado,
  3. sensibilização ou alérgica,
  4. fototóxico e fotoalérgico.

 

Com a finalidade de atender as necessidades de mercado e assegurar a saúde dos consumidores a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da Gerência Geral de Cosméticos elaborou um protocolo para avaliação de segurança de produtos cosméticos com o objetivo de sugerir critérios para avaliação de segurança desses produtos e fornecer os subsídios para este fim.

Os testes realizados com seres humanos são regulamentados segundo leis bastante rígidas, com o objetivo de proteger e resguardar os indivíduos. Estas leis variam de acordo com o país. No Brasil, estas pesquisas são permitidas, desde que tenham protocolos aprovados por uma Comissão de Ética Médica e sigam os preceitos da Declaração de Helsinque (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 1996).

 

ENSAIO DE COMPATIBILIDADE CUTÂNEA

 

produtos cosméticos

 

Os produtos para uso externo devem ser sempre avaliados quanto aos potenciais alergênicos e de irritabilidade pelo menos. Dentre esses métodos, destacam-se os testes de Irritação Cutânea Primária, Irritação Cutânea Acumulada e de Sensibilização Dérmica, que são designados como ensaios de Compatibilidade Cutânea.  Se o produto for aprovado nos testes de contato, é importante proceder a testes de uso, com o produto acabado, antes da sua introdução no mercado.

Os Ensaios de Compatibilidade Cutânea têm por objetivo comprovar a inocuidade dos produtos em pele humana. São realizados de modo geral com apósitos oclusivos ou semi-oclusivos (patch tests) ou em modelos abertos (open tests) dependendo do produto que se quer testar.

Representam o primeiro contato do produto acabado com um ser humano.

O potencial de irritação de um produto depende de uma série de variáveis, como componentes utilizados, concentração dos ingredientes, absorção, quantidade aplicada, estado da pele, modo e frequência de aplicação e efeito cumulativo.

Existe, também, considerável variação individual, independente da concentração da substância testada. Sabe-se que a susceptibilidade à irritação pode ser influenciada por idade, raça, antecedentes genéticos (atopia), não exibindo diferenças relacionadas ao sexo.

início das reações irritantes ou alérgicas depois de exposição da substância tópica é variável. A lesão da pele fica evidente dentro de horas após o contato com um irritante forte. Os irritantes mais fracos podem exigir aplicações múltiplas e dias ou semanas até o desenvolvimento do eczema. O seu aparecimento depende das características da substância irritante, do tempo de exposição e da periodicidade do contato com o agente irritante.

Os testes de contato ou epicutâneos (patch test) são a principal ferramenta utilizada no diagnóstico de reação provocada por cosmético e na pesquisa de alergenicidade. Os resultados dependem da indicação da técnica correta de aplicação e da interpretação da leitura do teste de contato.

A observação da irritação no local do teste oferece, em geral, aspectos diferenciais das respostas alérgicas. Os irritantes tendem a produzir reações com bordas bem definidas entre a pele normal e a inflamada, raras vezes desencadeiam vesiculação, e o que se nota é aparência brilhante. Ao contrário da resposta alérgica, a reação tende a diminuir com a remoção do teste; entretanto, a distinção entre reação alérgica e irritação nem sempre é absoluta e possível.

Devido a todos os dados citados anteriormente, levando em consideração que não existe ingrediente químico absolutamente seguro e que não existe nenhum produto que garanta 100% de eficiência em não causar alergia, um produto é considerado seguro, e liberado para comercialização, se apresentar teste de Compatibilidade Cutânea negativo em 95% dos pacientes testados, desde que as reações adversas encontradas sejam leves, isto é, não significativas. Nenhum protocolo clínico pode garantir 100% de confiança.

 

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COMO É FEITO O TESTE

 

São selecionados 50 voluntários hígidos, não portadores de dermatite atópica, eczema alérgico ou que apresentassem história de intolerância a cosméticos. Um limite mínimo aceitável, preconizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é de 50 voluntários.

Um patch-test é preparado com iguais quantidades para cada participante do teste. Podem ser testados vários produtos simultaneamente. O produto pode ser diluído ou não (dependendo da amostra a ser testada). Cada amostra é colocada em um apósito oclusivo FINN CHAMBER®, adotado como equipamento padrão para os teste de contato pelo Grupo Brasileiro de Estudos em Dermatite de Contato (GBEDC), que se refere a uma câmara de alumínio na qual o produto é depositado e mantido na posição por um adesivo hipoalergênico.

As Finn Chambers são compostas por dez câmaras côncavas de alumínio de 8mm de diâmetro. As dimensões de cada câmara garantem que a quantidade de substância adicionada nunca ultrapasse,em média 26mg, determinando a padronização da quantidade da preparação em todos os testes. Esta característica é fundamental para a sensibilidade do teste de contato. Essas câmaras de alumínio também têm a vantagem de, quando removidas, deixar marcas bem individualizadas no ponto do teste cutâneo; permitem ainda contato uniforme com a pele e não ocasionam perda ou dispersão do material testado.

As condições experimentais adotadas, com produto aplicado sob apósitos, causam certa oclusão cutânea que favorece o contato dos componentes do produto com a pele. Caso algum componente apresente potencial irritante ou sensibilizante o mesmo seria facilmente comprovado por este método.

A área experimental escolhida (dorso direito ou esquerdo) é uma área mais homogênea, facilitando a avaliação do produto teste, e em geral são utilizadas estas áreas, por se tratar de áreas que, pela sua extensão, possibilita colocação de número adequado de substâncias.

O ensaio de compatibilidade cutânea realizado nestes voluntários é parte da avaliação de segurança do produto predizendo seu comportamento em grandes populações.

Se o produto teste apresentar uma boa compatibilidade cutânea, sob as condições experimentais do procedimento operacional padrão correspondente, por extrapolação, poderá ser considerado seguro para a saúde dos consumidores quando aplicado sob condições normais de uso.

 

IRRITABILIDADE CUTÂNEA PRIMÁRIA:

 

Todos os voluntários receberam em dorso esquerdo ou direito um teste de contato (patch test) contendo apósitos oclusivos contendo os produtos em estudo e o controle com solução fisiológica. O teste de contato é removido após 48 horas de contato com a pele e as reações são analisadas.

 

IRRITABILIDADE CUTÂNEA ACUMULADA: 

 

Todos os voluntários receberam em dorso esquerdo ou direito um teste de contato (patch test) contendo apósitos oclusivos contendo os produtos em estudo e o controle com solução fisiológica. A cada 48 horas, os voluntários retornam para retirada do teste e não havendo qualquer alteração, logo após a leitura o teste de contato é reaplicado no mesmo local. Este procedimento é repetido durante o período de 03 semanas.

 

 SENSIBILIZAÇÃO DÉRMICA: 

 

O teste de Sensibilização Dérmica deve constar de três etapas: indução, repouso e desafio.

A fase de indução corresponde ao teste de Irritabilidade Cutânea Acumulada que já foi descrito acima.

Após as 3 semanas de aplicação do teste, é feito um período de repouso de, no mínimo, dez dias quando nenhum teste é aplicado (Repouso).

Após este intervalo, os voluntários retornaram para a fase de desafio (sensibilização), onde um patch simples das amostras é aplicado no dorso direito ou esquerdo dos voluntários (área virgem), local em que não foi aplicado nenhum tipo de teste, cada um contendo os produtos em estudo e o controle com solução fisiológica.

O teste de contato é então removido após 48h de contato com a pele.

 

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RESULTADO DO TESTE

 

Cada produto estudado é então classificado como tendo Compatibilidade Cutânea:

  • Muito boa: ausência de quaisquer reações cutâneas em 100% dos voluntários nos teste de Irritação Cutânea Primária, Irritação Cutânea Acumulada e Sensibilização Dérmica nas áreas de aplicações dos produtos, sendo liberado para comercialização;
  • Boa: presença de reações cutâneas leves, ou seja não significativas, em qualquer um dos testes (Irritação Cutânea Primária, Irritação Cutânea Acumulada ou Sensibilização Dérmica), nas áreas de aplicações dos produtos em 1 – 3% dos voluntários, sendo liberado para comercialização;
  • Moderada: presença de reações cutâneas leves, ou seja, não significativas, em qualquer um dos testes (Irritação Cutânea Primária, Irritação Cutânea Acumulada ou Sensibilização Dérmica), nas áreas de aplicações dos produtos em 3 – 5% dos voluntários, ainda assim, sendo liberado para comercialização;
  • Ruim: presença de reações cutâneas significativas de qualquer intensidade, presente em algum voluntário, ou mesmo, presença de reação cutânea leve, não significativas, em qualquer um dos testes (Irritação Cutânea Primária, Irritação Cutânea Acumulada ou Sensibilização Dérmica), nas áreas de aplicações dos produtos em mais de 5% dos voluntários, sendo reprovado no ensaio de Compatibilidade Cutânea não sendo liberado para comercialização.

Posted on 28 de junho de 2016 in Cosméticos

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